Manuseio de Isocianatos Aromáticos

  1. INTRODUÇÃO

Os isocianatos orgânicos, são produtos químicos caracterizados pela fórmula R(NCO)x. Os mais importantes, comercialmente, são o diisocianato de tolueno (TDI) e o 4,4’diisocianato de difenilmetano (MDI), puro ou polimérico. Tais produtos, são conhecidos por nomes alternativos, mas as abreviações TDI e MDI, são universalmente usadas nas indústrias.

O TDI e MDI, são matérias primas de grande importância, devido à ampla variedade de suas aplicações industriais, incluindo a manufatura de espumas rígidas e flexíveis, plásticos poliuretânicos, elastômeros e revestimentos de superfícies.

A intenção deste manual, é delinear certas precauções no manuseio desses produtos, devido ao risco que podem apresentar, em função de sua alta reatividade. A observância destas recomendações, reduzirá substancialmente, os perigos no manuseio de isocianatos, em condições normais e de emergência. As pessoas envolvidas nesses processos, devem estar familiarizadas com os perigos e treinadas, nos procedimentos de segurança (itens 5 e 6).

  1. PROPRIEDADES TÍPICAS

O quadro seguinte, resume os valores das principais propriedades típicas, do TDI e do MDI polimérico, disponíveis comercialmente. As propriedades dos sistemas e prepolímero, não são apresentadas, devido à grande variação de composição dos mesmos.

Propriedades Típicas TDI MDI polimérico
Estado físico, às temperaturas normais Líquido Líquido viscoso

 

 

Viscosidade à 25oC, cPs 5 200-300

 

 

Cor Incolor à amarelo pálido Castanho escuro

 

 

Odor Irritante Irritante

 

 

Densidade à 25oC 1,22 1,23

 

 

Ponto de Ebulição à 760 mmHg; oC 250 Polimeriza à aproximadamente 260oC, desprendendo CO2
Ponto de Fulgor, oC 127 Acima de 200
Ponto de Congelamento, oC Abaixo de 14 Abaixo de 10*
Densidade do Vapor (ar = 1) 6,0 8,5
Pressão de Vapor à 25oC, mbar 3 x 10-2 Abaixo de 10-4
TLV** ppm 0,02 0,02
TLV** mg/m3 0,14 0,2

*MDI puro = 38oC

**Apêndice II

  • Reatividade

Tanto o TDI, quanto o MDI, são mais pesados que a água e afundam, se colocados em recipientes contendo água. Apesar de reagirem com a água, a velocidade da reação é muito lenta, em temperaturas menores que 50oC, porém, à altas temperaturas, a reação torna-se progressivamente mais rápida. A reação desses isocianatos com água, libera dióxido de carbono e forma Poliuréia, um sólido insolúvel. Reagem também com bases, tais como hidróxido de sódio (soda cáustica), amônia, aminas primárias e secundárias, ácidos e álcoois. A reação pode ser violenta, gerando calor que pode resultar em maior liberação de vapores de isocianato, e na formação de dióxido de carbono, ocasionando aumento de pressão no interior dos recipientes fechados.

A alta reatividade dos isocianatos, é a base para o processo de poliadição, para a preparação de espumas e plásticos poliuretânicos.

O TDI e MDI, não corroem metais ou outros materiais, em temperaturas normais (item 3.5.2)

  1. RISCOS

3.1 Introdução

Todos os isocianatos, são potencialmente perigosos e requerem cuidados no seu manuseio. Do ponto de vista prático, o principal risco, origina-se à partir dos vapores e a intensidade do perigo, depende da pressão de vapor do isocianato considerado.

No caso do TDI, a pressão de vapor é tal que, à temperatura normal, a concentração do vapor no ar, excederá o “Valor Limite de Tolerância “ou TLV (Apêndice II), estipulado em 0,016 ppm (0,11 mg/m3). Consequentemente, todas as precauções são necessárias, sempre que o TDI puro, ou produtos contendo TDI, sejam manuseados.

Por outro lado, o MDI tem relativamente menor pressão de vapor e, com ventilação adequada, a concentração do vapor não alcança o TLV. Todavia, existem duas exceções:

  1. Aplicação “spray”, onde gotas no ar (aerossol), representam riscos à temperatura normal;
  2. A presença de partículas sólidas no manuseio de MDI puro (sólido à temperatura ambiente).

Todas as precauções, devem ser tomadas em ambos os casos.

Note-se que, a detecção de isocianato pelo odor é perigosa, pois quando isso ocorre, a concentração de vapor já está acima do TLV, embora a percepção do odor, varie de indivíduo para indivíduo.

3.2 Inalação de Vapores, Aerossóis e Cristais

Os isocianatos em concentrações acima do TLV, causam irritação das vias respiratórias e olhos, podendo chegar aos pulmões, quando a concentração for maior. Em exposições brandas, os sintomas são lacrimejamento e secura da garganta; nas exposições agudas, dificuldades na respiração por irritação brônquica, dor toráxica e cefaleia. Em casos não tratados convenientemente, pode ocorrer edema pulmonar.

O desenvolvimento de sensibilização nas pessoas, pode ocorrer especificamente com TDI, com apenas um episódio de exposição aguda. É aconselhável, não se admitir para o trabalho com isocianatos, candidatos com passado alérgico e, no exame pré-admissional, efeturar a dosagem de “Imunoglobulina E”, que serve como parâmetro, para verificação da tendência à sensibilização.

A manifestação dos sintomas, todavia, poderá ocorrer somente algumas horas, após a exposição.

3.3 Efeito nos Olhos

O contato de isocianatos em forma líquida com os olhos causa irritação severa, podendo levar à lesão córnea que, se não tratada adequadamente, resultará em dano permanente. É contraindicado, o uso de colírio anestésico, em tais lesões.

3.4 Efeito na Pele

Os isocianatos, têm uma ação moderada na pele. Dermatite de contato, pode manifestar-se ocasionalmente, como alergia específica da pele.

3.5 Perigos Químicos

  1. Água

Os isocianatos reagem lentamente com água, produzindo dióxido de carbono. Embora isto não seja em si mesmo uma reação perigosa, pode levar ao desenvolvimento de pressões, em recipientes fechados, contaminados com água, podendo representar grande risco.

  1. Borracha e Plásticos

Os isocianatos atacam e deformam muitos tipos de materiais plásticos e de borracha, em curto espaço de tempo. Este fato, em si, não constitui risco, contudo, pode levar ao rompimento de mangueiras, por exemplo, se o material utilizado for incorreto. Mangueiras de PTFE (Teflon), protegidas externamente com malhas metálicas, devem ser utilizadas em máquinas de alta pressão.

  1. Observações

Os comentários acima, sobre riscos, aplicam-se para qualquer produto contendo TDI ou MDI. Se outros materiais perigosos, como por exemplo solventes, também estiverem presentes no produto, deve-se observar as precauções apropriadas, constantes nas recomendações de uso desses materiais.

  1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

 

  • Proteção individual

No decorrer deste manual, serão utilizados os termos Equipamento de Proteção Normal e Equipamento de Proteção em Emergência, assim definidos:

Equipamento de Proteção Normal

É usado no manuseio de produtos contendo tanto MDI quanto TDI, durante todos os trabalhos e operações normais, onde haja ventilação adequada e não exista a possibilidade de exposição à quantidades de vapor, acima do TLV (Apêndice II).

– Luvas de PVC ou de borracha

– Protetores faciais e respiradores

– Vestimenta adequada para proteção do corpo e dos membros.

Equipamento de Proteção em Emergência

É utilizado no manuseio de MDI, TDI e produtos que os contenham, onde haja risco de exposição à concentração dos vapores, ou cristais acima do TLV. Tais situações ocorrem quando:

  1. O TDI é manuseado fora de área adequadamente ventilada (ítem 5.1.1);
  2. O MDI é manuseado aquecido, em aerossol ou envolvido em operações de limpeza do misturador, fora de área adequadamente ventilada (ítem 5.1.2);
  3. O MDI puro, é manuseado sólido e há risco de desprendimento de cristais.

 

– Roupa impermeável

– Luvas de PVC ou de borracha

– Avental de PVC ou de borracha

– Equipamento autônomo de respiração

– Botas de borracha

 

Os respiradores com filtro, não são geralmente recomendados, devido à limitada ação absorvente e vida curta, mas podem ser aceitáveis, como proteção para curto espaço de tempo.

 

4.2. Monitoração Atmosférica

 

A atmosfera onde são utilizados isocianatos, deve ser testada regularmente, com a finalidade de manter seguras as condições de trabalho.

 

Os métodos aceitáveis para monitoração do ambiente são:

 

  • Marlali, K.

Anal. Chemistry 29,552-558 (1957)

 

  • Meddle, D. W., Radford, D. W. and Wood R.

Analyst 94, 369 (1969)

 

  • Meddle, D. W.and Wood R.

Analyst 95, 402 (1970)

 

  • Pilz, W.

Microchimica Acta, 1965, 687 – 698

 

  • Pilz, W.

Microchimica Acta, 1970, 504 – 511

 

A escolha do método, deve ser efetuada considerando-se o local e a regulamentação oficial. Onde não existirem tais regulamentações, o fornecedor do material deverá ser consultado. Equipamento para monitoração contínua de TDI, é fornecido por:

UEI Universal Environmental Instruments (UK) Ltd.,

31 Nuffield Estate

Poole,

Dorset, BH17 7RZ,

England.

 

MDA Scientific, Inc.,

1815 Elmdale Avenue

Gleniew, Illinois 60025

 

CIMAPEL – Com. E Ind. De Material Técnico Ltda.

Rua Monsenhor Felix, 616, cj. 403/404

Rio de Janeiro, RJ

 

  • Descontaminantes

Descontaminantes são produtos utilizados para neutralizar os isocianatos, pela sua propriedade de rápida conversão desses produtos em material sólido insolúvel e não perigoso. Os descontaminantes são utilizados para o tratamento de derramamentos ou para garantir a segurança dos trabalhos de manutenção e reparos de equipamentos. Devem estar disponíveis na área de manuseio de isocianatos.

A formulação abaixo, usada principalmente em situações de emergência, como derramamentos, é denominada descontaminante líquido:

Componentes Peso ou Volume, %
Água 90
Amônia concentrada 8
Detergente líquido 2

 

Para operações de rotina, como por exemplo a descontaminação de equipamentos e peças de máquinas, a formulação seguinte é mais efetiva. Por ser inflamável, dever ser utilizada somente em áreas protegidas:

Componentes Peso ou Volume, %
Álcool (etanol, isopropanol ou butanol) 50
Água 45
Amônia concentrada 5

 

Pequenas peças de máquinas, tubulações, etc., também podem ser descontaminadas com 2-etoxietanol (monoetil éter do etileno glicol), que é inflamável, mas tem a vantagem de que os produtos da reação são solúveis.

Alguns cuidados devem ser tomados para verificar se estes métodos de descontaminação são realmente efetivos, porque pequenas quantidades de isocianatos são facilmente retidas por algumas superfícies. Informações sobre limpeza de equipamentos complicados dever ser obtidas com os seus fornecedores.

  1. SEGURANÇA OPERACIONAL

 

  • Manuseio de Isocianatos em Geral

 

Todas as pessoas envolvidas com o manuseio dos isocianatos e produtos que os contém, devem estar familiarizadas com os riscos à que se expõem e devem estar treinadas, de acordo com os procedimentos de manuseios normal e de emergência.

 

Os equipamentos de proteção normal devem ser fornecidos para todos os empregados e um estoque de descontaminante, deve estar disponível no local de manuseio dos isocianatos. Devido ao perigo potencial, a limpeza no trabalho é essencial, portanto, misturadores e equipamentos utilizados no manuseio de isocianatos, tais como, baldes, recipientes temporários para pesagens, funis, etc., devem ser adequadamente descontaminados e limpos imediatamente após o uso, a fim de impedir a contaminação acidental de outras pessoas. As tubulações ou mangueiras, também devem ser limpas ou tampadas e/ou seladas com “plugs” ou com válvulas de bloqueio. Os recipientes que contêm isocianatos, devem ser conservados fechados, para impedir o escape de vapor e entrada de umidade.

 

5.1.1 Manuseio de TDI

 

Manusear TDI, sempre em área com ventilação apropriada. Instalar os equipamentos e as bancadas de trabalho, com sistema de exaustão. A eficiência da ventilação, deverá ser de forma a não atingir concentrações superiores ao TLV, na área de trabalho geral. Para tais condições, o equipamento de proteção normal é suficiente. Quando os produtos que contém TDI forem manuseados em áreas com ventilação inadequada, deverá ser utilizado também o equipamento de respiração. Vetar o acesso de pessoal sem os equipamentos de proteção exigidos.

5.1.2 Manuseio de MDI

Em virtude do MDI possuir menor pressão de vapor, o líquido deve ser manuseado à temperatura ambiente, em áreas adequadamente ventiladas. Os operadores devem utilizar equipamentos de proteção normal.

O perigo aumenta, quando o MDI é aquecido ou utilizado em condições que possam formar aerossol, por exemplo, durante operações de “spray” (mesmo quando em cabines próprias) o durante a limpeza de misturadores automáticos, utilizando jato de ar. Nesse caso, o jato de ar deve ser dirigido à um local ventilado, que permita a diluição dos vapores. Em todas as ocasiões em que ocorrer escape de vapor ou aerossol, utilizar o equipamento de proteção de emergência.

5.2. Aquecimento e Fusão

A fusão de TDI, acidentalmente congelado em tempo frio, deverá ser efetuada com extremo cuidado, sob supervisão de uma pessoa treinada. O aquecimento de qualquer isocianato, causa um aumento na evolução do vapor, aumentando os riscos. A melhor forma de realizar o aquecimento é pela estocagem em ambiente com atmosfera aquecida. A aplicação direta de calor, pode causar vazamento dos tambores e consequentemente, expor o operador aos vapores de isocianatos. Na fusão do MDI puro, devem ser utilizados métodos alternativos, seguindo-se as recomendações dos fornecedores. Não se recomenda que tambores contendo isocianatos solidificados, sejam aquecidos ou fundidos em banho de água ou pelo uso de vapor.

  • Descarte de Recipientes

Não é permitida a reutilização e o descarte de tambores e recipientes vazios e não limpos, devido ao perigo existente, causado pelos resíduos de isocianatos retidos nas paredes dos tambores. Os recipientes devem ser descontaminados, de maneira apropriada, eliminando-se os resíduos de isocianatos. Em hipótese alguma, os tambores devem ser limpos, a fim de serem reutilizados para gêneros alimentícios.

5.4 Descarte de Resíduos de Isocianatos

Existem três métodos básicos, considerados tecnicamente seguros e efetivos. Entretanto, as leis vigentes devem ser consideradas. A escolha do método dependerá, em parte, da escala da operação (volume de resíduos a serem tratados) e em parte, da disponibilidade do agente neutralizante.

  1. Reação com Resíduos de Poliol

Reaja com excesso de resíduos de poliol, para produzir uma espuma de baixa qualidade, que pode ser incinerada ou então colocada numa área adequada para resíduos.

 

  1. Reação com Descontaminante Líquido (ítem 4.3)

Reaja com excesso de descontaminante líquido, pela adição lenta de isocianatos, agitando em tambor totalmente aberto. Mantenha por 48 horas, feche o tambor e descarte de maneira adequada.

 

  1. Incineração ou Queima

A queima só deve ser feita, em equipamentos projetados especialmente, para o descarte de resíduos químicos nocivos.

 

  1. OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA

Como princípio geral, é aceito que os isocianatos são completamente seguros, enquanto estocados e transportados em recipientes fechados e intactos. Isto significa que, o perigo só ocorrerá, se o recipiente apresentar vazamento (ruptura é o pior caso), resultando em derramamento. Pode também ocorrer a pressurização de recipientes de isocianatos, pela entrada de umidade (ítem 6.2), ou então envolvimento em incêndio (ítem 6.4). Em operações de emergência, equipamentos de proteção normais ou de emergência, devem ser utilizados.

 

6.1 Recipientes com Vazamentos

Recipientes com vazamentos, devem ser girados o necessário, de forma que a parte danificada seja colocada para cima e coberta, para prevenir a entrada de chuva, poeira, etc. Qualquer vazamento deverá ser tratado de acordo com as instruções mencionadas (item 6.3). Recipientes danificados, podem ser reparados temporariamente, com o uso de um “kit” de manutenção, utilizando-se metal revestido, plugs de madeira, etc., até que o conteúdo possa ser transferido para um recipiente limpo e seco. O recipiente danificado, dever ser descontaminados (item 5.3) antes do despejo.

6.2 Recipientes Pressurizados

A pressurização de um recipiente de isocianatos, pode começar pela entrada de água (umidade), com subsequente formação de dióxido de carbono. Tal recipiente, pode ser reconhecido facilmente quando começar a perder sua forma. O recipiente no estado pressurizado, deve ser isolado imediatamente e coberto, por exemplo, com lona encerada (impermeável). A pressão deve ser aliviada cuidadosamente, pela remoção da tampa, ou em muitos casos, pela confecção de um pequeno furo (3mm), na parte superior do tambor. Quando possível, o orifício deve ser feito através da tampa, que é a parte mais forte do tambor. Para evitar posterior ingresso de umidade, um parafuso pode ser inserido no orifício e removido a intervalos regulares, para aliviar futuros acréscimos de pressão. Essas operações devem ser feitas por pessoa treinada, usando equipamento de proteção de emergência completo. Em caso de dúvidas, o fornecedor deverá ser contatado.

6.3 Derramamento

Considerando-se os vários tipos de derramamentos, é necessário distingui-los entre incidentes menores, tais como os que podem ocorrer em laboratórios ou locais de trabalho em que se manuseiam regularmente isocianatos, e derramamentos maiores, envolvendo um carro-tanque, por exemplo. O critério mais importante para distinguir entre os dois, é a habilidade do pessoal que lida com a ocorrência, mais do que a intensidade do incidente. Neste caso, um derramamento menor é definido, como aquele que pode ser tratado com a utilização das facilidades existentes no local. Para o caso de um derramamento maior, solicitar assistência externa ao fornecedor, ou ao corpo de bombeiros.

6.3.1 TDI – Pequenos Derramamentos

  1. Afaste as pessoas estranhas à área.
  2. Informe o supervisor.
  3. Coloque o equipamento de emergência (ítem 4.1).
  4. Evite o seu prosseguimento.
  5. Cubra com areia ou terra.
  6. Coloque descontaminante líquido sobre o derramamento e aguarde 10 minutos para a reação (item 4.3).
  7. Remova cuidadosamente todos os resíduos, colocando-os em um recipiente aberto e adicione maior quantidade de descontaminante líquido.
  8. Remova o recipiente para um lugar seguro e cubra-o levemente. Após o prazo de um dia, os resíduos podem ser removidos para descarte.
  9. Lave a área com descontaminante líquido.
  10. Teste a atmosfera para vapores de TDI residual (item 4.2).
  11. Quando as condições seguras de trabalho tiverem sido restabelecidas, remova e descontamine o equipamento de proteção e recoloque-o no lugar onde é normalmente mantido.

6.3.2. TDI – Grandes Derramamentos

  1. Afaste da área todas as pessoas. Mantenha-se a favor do vento para evitar os vapores. Impeça o acesso de estranhos.
  2. Notifique imediatamente a polícia ou o corpo de bombeiros e o fornecedor.
  3. Coloque o equipamento de emergência (item 4.1).
  4. Previna futuros vazamentos.
  5. Se possível, remova o recipiente para uma área segura, fora do acesso geral.
  6. Contenha e cubra o derramamento com um material absorvente e não combustível, como areia, terra, etc. Se possível, evite o escoamento de isocianatos elos drenos. Caso contrário, informe as autoridades competentes, imediatamente (Nota b).
  7. Trate com descontaminante (Nota c) e borrife cuidadosamente com água. Deixe reagir por, pelo menos, 30 minutos.
  8. Transfira o resíduo para um recipiente adequado e desloque-o para um lugar seguro.
  9. Lave a área com grande quantidade de água ou descontaminante líquido (item 4.3).
  10. Quando as condições de segurança da área estiverem restabelecidas, remova e descontamine todos os equipamentos utilizados e recoloque-os em seus devidos lugares.

Notas:

  1. Os resíduos devem ser inspecionados em área segura por um técnico qualificado que, se necessário, os neutralizará, através de tratamento com descontaminante líquido, antes de descarta-los.
  2. Se não houver outros recursos, despejar os resíduos na rede de esgotos, utilizando-se de grande quantidade de água, para impedir entupimento dos drenos, ralos, etc.
  3. Usar carbonato de sódio, seguido de borrifos de água, se o descontaminante recomendado não estiver disponível. Utilizar quantidade de água suficiente para impedir aquecimento, com consequente risco de emanação de vapores perigosos.

6.3.3. Derramamentos de MDI

Proceder como recomendado para o TDI (itens 6.3.1 e 6.3.2).

6.3.4. Derramamentos Solidificados

O pessoal envolvido deve utilizar roupas de proteção (item 4.1).

Remover com jato de areia, particularmente para derrames em estradas, onde é desejável o mínimo dano à superfície.

Coletar a areia contaminada para posterior descontaminação e descarte (itens 4.3 e 5.4).

O tratamento químico para derrames solidificados, tal como a adição do solvente percloroetileno, seguida de descontaminação, poderá ser utilizado quando esse material estiver disponível e não provocar danos na superfície.

6.4 Fogo

Muitos isocianatos possuem alto ponto de fulgor e não são considerados inflamáveis; entretanto, eles podem queimar se o calor for suficientemente forte.

Qualquer isocianato envolvido em fogo liberará fumos em concentrações altamente tóxicas. Todas as pessoas envolvidas com o acidente devem utilizar equipamentos de emergência. O uso do equipamento autônomo de respiração é essencial.

Tambores de isocianatos envolvidos no incêndio, mas não inflamados, devem ser resfriados com água para minimizar os riscos de ruptura.

Agentes de extinção adequados:

  • Pó químico seco
  • Dióxido de carbono
  • Água*
  • Espuma

Após a extinção do fogo, a área somente será considerada segura, quando houver sido efetuada a medição de vapores de isocianato residual, por pessoa devidamente equipada. Qualquer suspeita de resíduo, deve ser eliminada com uso de descontaminante (itens 6.3.1 e 6.3.2).

* Se a água for utilizada, deverá ser empregada em grande quantidade. A reação entre água e isocianato quente, pode ser muito forte; todas as precauções devem ser observadas.

 

APENDICE I – AÇÃO MÉDICA

Sob forma de vapor, aerossol ou cristais, TDI e MDI podem ser irritantes aos olhos, aparelho respiratório e em menor grau à pele. Pessoas predispostas podem sofrer reações alérgicas.

Todos os casos de exposição à concentrações perigosas de TDI e MDI, devem receber cuidados médicos de imediato.

  1. Primeiros Socorros

A.1. Contaminação de Pele

Lave a parte afetada inicialmente com grande quantidade de água limpa e depois lave bem com água e sabão.

A.2. Respingos nos Olhos

Lave os olhos com grande quantidade de água limpa, por pelo menos 15 minutos. Obtenha cuidados médicos imediatamente.

A.3. Inalação dos Vapores

A vítima deve ser removida para área segura, onde não haja exposição à vapores. Acalme o paciente e obtenha cuidados médicos.

Tosse e aperto no tórax podem ser resultados de exposição excessiva à vapores de isocianatos. Em muitos casos, surgem dificuldades respiratórias. Os sintomas podem aparecer até várias horas após a exposição.

A.4. Ingestão

Trate como um produto irritante. Induza o vômito. Acalme a vítima e obtenha cuidados médicos.

A.5. Roupas

Roupas contaminadas com isocianatos devem ser retiradas imediatamente e embebidas em descontaminante líquido por 24 horas e em seguida lavadas normalmente antes do uso.

  1. Orientação aos Médicos

O tratamento é essencialmente sintomático.

A ação de bronco-dilatadores, associados a corticosteroides, é eficiente nos casos de inalação de isocianatos.

APÊNDICE II – VALORES LIMITE DE TOLERÂNCIA (TLV)

Na prática, o TLV é definido como a concentração máxima de material na atmosfera, que pode ser tolerada durante uma jornada de trabalho de 48 horas semanais, conforme a Portaria 3214, da CLT. Para muitas substâncias, o TLV é uma concentração média, mas no caso dos isocianatos, ele é um valor máximo que nunca deve ser excedido.

O TLV para o TDI e o MDI é 0,016 ppm. Esta concentração é expressa como partes por milhão (ppm), que significa o número de partes de vapor do isocianato, por 1 milhão de partes do ar contaminado em volume, à 25oC e 760 mm Hg. O medidor UEI (item 4.2), fornece leituras diretamente em ppm de TDI ou MDI. O TLV também é expresso em unidades de mg/m3, isto é, miligramas do isocianato por metro cúbico de ar e, devido à diferença do peso molecular, os valores para TDI e MDI são diferentes nesta unidade:

Isocianato TLV, ppm TLV, mg/m3
TDI 0,016 0,11
MDI 0,016 0,16

 

Traduzido e adaptado de “Recommendations for the Handling of Aromatic Isocyanates” (January 1976), do International Isocyanate Institute, INC.